O Inglês na América: semelhanças e diferenças entre inglês britânico e inglês americano
A relativa uniformidade do inglês americano num país tão vasto apresentava um contraste marcante com as muitas variedades de inglês britânico. O processo de nivelamento iniciado no Mayflower continuava ininterrupto muitos anos depois, o que levou vários estudiosos a tentar uma explicação. Em 1828, James Fenimore Cooper escreveu, dirigindo-se a um grupo de ingleses: “Na América, não existe dialeto de inglês, embora possamos notar certas peculiaridades, nos estados e províncias, no tom e até mesmo na pronúncia e uso de certas palavras. Um americano pode distinguir entre um nativo do estado de Georgia e outro da Nova Inglaterra, coisa que vocês (os ingleses a quem Cooper se dirigia) não vão conseguir.”
Mas enquanto falamos do inglês americano dos Estados Unidos, vamo-nos esquecendo que existe um outro inglês norte-americano: o canadense. Por ser tão parecido com o inglês dos Estados Unidos, ele é, às vezes, classificado por alguns estudiosos como uma variedade do inglês vizinho, uma ideia naturalmente rejeitada pelos canadenses, até porque ele tem sofrido influências outras que não as daquele país. O inglês canadense coexiste com o francês canadense há mais de 230 anos, bem como com um grande número de idiomas indígenas, como o cree, o iroquois, e o esquimó inuktitut, além de idiomas de imigrantes como o italiano e o ucraniano.
Os primeiros colonos ingleses no Canadá eram, na verdade, colonos americanos vindos da Nova Inglaterra que ocuparam territórios nas províncias de Nova Escócia e New Brunswick, no litoral. Mas a colonização inglesa para valer começou muitos anos depois, como resultado da Revolução Americana. Muitos dos que apoiavam os ingleses contra os revolucionários foram obrigados a sair do país – alguns foram para a Inglaterra e outros lugares, mas a maioria fugiu para o Canadá onde ocuparam o território hoje conhecido como Ontário. A ligação com os Estados Unidos, portanto, vem de longe.
Em termos gerais, a pronúncia do inglês canadense é muito parecida com a do inglês americano, mas a presença do inglês britânico ainda se nota. Um visitante americano no Canadá, ao chegar, vai estranhar o inglês canadense como sendo bastante britânico, especialmente no vocabulário (por exemplo, as palavras tap, braces e porridge em vez de faucet, suspenders e oatmeal (torneira, suspensórios e mingau de aveia). Por outro lado, um inglês vai achar o canadense extremamente americanizado quando ouvir as palavras gas, truck e wrench em vez de petrol, lorry e spanner (gasolina, caminhão e chave inglesa). No entanto, em termos gramáticos, o canadense não difere do britânico ou do americano.
Essa característica de adotar algumas coisas inglesas e outras americanas é explicada pelos estudiosos como uma manifestação da luta por identidade própria contra duas influências fortíssimas. No final das contas, o que se pode verificar é o enorme desejo do povo canadense de falar um inglês mais condizente com a sua experiência, o que certamente não significa falar como um americano, nem como um britânico.
Mas a verdade é que certas características gerais de pronúncia aproximam o canadense do norte-americano. Por exemplo, o flapping das letras T e D que ocorre com muitos americanos em conversação informal, se repete com muitos canadenses. Essas letras, quando ocorrem entre vogais, muitas vezes têm um som parecido com o R em arara. Outra faceta da linguagem informal é a supressão do T depois de N e antes de uma vogal, como por exemplo em international /innernational/, Toronto /toronno/ ou mesmo /toronna/, Atlanta /atlanna/. Nem todos os americanos e canadenses suprimem o T nesses casos, mas certamente você vai encontrar muitos que o fazem. E, como nos Estados Unidos, a necessidade de conquistar imensos territórios e construir um país obrigou o inglês canadense a assimilar sotaques vindos de várias partes do mundo e a adquirir características próprias.
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Inglês na América: contribuição vocabular de antigas potências europeias
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