O Inglês na América: os Scots-Irish (Scotch-Irish), os Hillbillies e a Country Music
Ainda hoje, a pronúncia de muitas palavras em inglês americano reflete a presença do modo de falar dos Scots-Irish (ou Scotch-Irish). Os chamados country-accents (sotaques caipiras) dos Apalaches se espalham pela região do meio-oeste, pelo sul e oeste até a Califórnia. Nos estados do sul, por exemplo, o famoso you-all (y’all) é uma versão do plural youse (vocês) do Scots-Irish. Em outros contextos no linguajar daqueles estados, o uso da palavra all, quando ocorre sozinha, é realmente uma repetição do uso tradicional em Ulster.
A experiência dos colonos e seus descendentes nos montes Apalaches não foi das mais felizes. Durante a Guerra Civil Americana, eles ficaram do lado dos estados do norte, isto é, do lado dos que queriam manter a união dos Estados Unidos; os estados do sul lutavam pela separação e formação de um novo país. Após a vitória do norte, e durante o período de reconstrução da nação, o poder, na região do sul, foi caindo novamente nas mãos das antigas e poderosas famílias. Resultado – o povo dos Apalaches foi tratado como traidor, isolado e reduzido às condições de miséria total. Só mais tarde, com a chegada da estrada de ferro, o resto da América começou a tomar conhecimento da cultura, tradições, música e fala dos hillbillies como antepassados da maior importância na formação da língua inglesa americana.
Com a explosão da popularidade dos programas de rádio na década de 1920, as vozes dos hillbillies começaram a se espalhar pelo continente, alcançando uma fama inesperada. Os olheiros de novos talentos saíam de Hollywood e New York para basculhar as montanhas à procura de novidades, e ainda hoje as baladas dos Scots-Irish trazidas no século XVIII servem de inspiração para artistas de fama internacional, e outros menos cotados, americanos ou não.
cantores de hillbilly music na década de 1920
A música country é apenas uma manifestação da enorme influência dos Scots-Irish na vida americana. Hoje, cerca de 10% da população americana é descendente de Scots-Irish, entre eles nove presidentes dos Estados Unidos. Muitos dos “americanismos,” antigamente execrados pelos britânicos, são palavras e expressões que, há séculos, eram comuns nas Ilhas Britânicas e que foram trazidas pelos Scots-Irish. Exemplos não faltam: uso de mad em vez de angry (zangado), como nos tempos de Shakespeare, e pronúncias como /winder/ em vez de window (janela). Muitas das expressões idiomáticas de hoje foram primeiro usadas pelos Scots-Irish nas fronteiras do oeste: sit on a fence (sentar-se em cima do muro), go the whole hog (fazer todo o possível), an axe to grind (ressentimento), mad as a meat axe (doido varrido). Todas elas, e muitas outras, se tornaram parte do inglês americano juntamente com o forte tempero do inglês trazido por outro grupo de imigrantes, os irlandeses, cujos ancestrais também eram celtas.
O texto acima faz parte do livro Once Upon a Time um Inglês… A história, os truques e os tiques do idioma mais falado do planeta escrito por John D. Godinho. Adquira essa obra nos seguintes endereços: |
Semelhanças e diferenças entre inglês britânico e inglês americano
Inglês na América: formação e descolonização do inglês americano
Inglês na América: contribuição vocabular de antigas potências europeias
Como agradecer ao Inglês no Supermercado porque ele existe? Adicione o blog ao iGoogle. Adicione um link para esta página. Clique nos ícones abaixo e divulgue o blog e tudo que você sabe a respeito dos Scots-Irish, dos Hillbillies e da Country Music no Orkut, Twitter, Facebook, emails etc.