O Inglês na América: formação e descolonização do inglês americano
Nos anos que se seguiram à chegada dos peregrinos a Plymouth, mais de duzentas viagens foram feitas trazendo milhares de novos colonos para a Nova Inglaterra. Ao sul, a pequena colônia de Jamestown, na Virginia, também continuava prosperando. Em ambos os locais, os colonos eram quase todos oriundos do sudeste e leste da Inglaterra, quer dizer, da região de Londres e East Anglia. Enquanto isso, o processo de nivelamento de linguagem que havia começado no Mayflower ia de vento em popa, criando um idioma já com características próprias.
Porém, a história do inglês americano não se limita à imigração inglesa. Nos chamados estados do médio-Atlântico, especialmente na Pensilvânia, começaram a surgir núcleos formados por gente que falava um inglês diferente. Eram os colonos vindos da Escócia e da região de Ulster, na Irlanda do Norte. E mais ao sul, perto do que é hoje a cidade de Charleston, na Carolina do Sul, as comunidades irlandesa e escocesa também estavam em plena expansão. O resultado final seria um inglês influenciado por esses e muitos outros idiomas, numa série de transfusões de sangue que tornariam o inglês americano bem distinto do inglês europeu.
“Union Jack”, bandeira do Reino Unido, está no canto superior esquerdo.
Não é de estranhar, portanto, que as diferenças linguísticas tenham servido como campo de batalha para a rivalidade entre ingleses e americanos. Desde o início da colonização, os ingleses começaram a atacar os colonos por terem adotado palavras consideradas esquisitas, fazendo do idioma a linguagem da barbárie. Mas os colonos estavam preocupados demais com sua nova vida para defender ou justificar o que estava acontecendo com o seu vocabulário. Para eles, era tudo uma decorrência natural das circunstâncias. Não havia outra opção a não ser valer-se das palavras mais apropriadas às suas necessidades imediatas, viessem elas de idiomas índios ou europeus.
As reclamações e xingamentos britânicos foram crescendo em número e volume à medida que os novos territórios se firmavam como nação e cresciam em poder e influência. Aos poucos os americanos começaram a dar o troco, irritados pelos ares de superioridade e arrogância de seus primos no outro lado do Atlântico. Até porque o idioma não havia mudado tanto assim. De acordo com comentários supostamente imparciais da época, a língua inglesa dos dois países era essencialmente a mesma. Uma conversa entre cidadãos dos dois países naquela época não traria qualquer dificuldade nem haveria diferenças marcantes no vocabulário ou no sotaque. Já nos dias de hoje, uma conversa entre o presidente americano e o primeiro ministro britânico revela imediatamente a nacionalidade de cada um.
Até nos campos de batalha durante a Revolução Americana, os inimigos teriam praticamente a mesma linguagem. Mas foi a própria Revolução que marcou uma virada irreversível na vida do idioma. No final do conflito, a animosidade era tanta que os colonos, tendo quebrado as algemas políticas, queriam se separar da Inglaterra em todos os sentidos, inclusive na língua. Em 1782, os cidadãos da Nova República se autointitularam, orgulhosamente, de “americanos” para deixar bem claro que nada mais tinham a ver com os antigos soberanos e, em 1802, o Congresso dos Estados Unidos registrou pela primeira vez a frase “a língua americana”.
quando cidadãos já se autointitulavam “americanos”.
De acordo com o Marquês de Chastellux, que acompanhava o General George Washington nos anos de 1780, alguns americanos “…estavam dispostos a adotar outro idioma…talvez o hebreu…” enquanto outros queriam se vingar dos ingleses adotando o francês como língua oficial. Inevitavelmente, a discussão resvalou para o ridículo e alguns patriotas mais exaltados sugeriram que o novo idioma fosse o grego. Ao que alguns comediantes da época responderam: “…seria mais conveniente nós mantermos a língua inglesa e obrigar os ingleses a falar grego.”
O texto acima faz parte do livro Once Upon a Time um Inglês… A história, os truques e os tiques do idioma mais falado do planeta escrito por John D. Godinho. Adquira essa obra nos seguintes endereços: |
Inglês na América: chegada do idioma ao Novo Mundo
Inglês na América: ampliação e manutenção do idioma no Novo Mundo
Inglês na América: contribuição vocabular de antigas potências europeias
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