O Inglês na América: contribuição vocabular de antigas potências europeias
O Novo Mundo tornou-se o palco onde antigos rivais teriam novos encontros e conflitos. Desses encontros, quer pacíficos ou não, o inglês foi adquirindo palavras e expressões que melhor definiam suas novas experiências. Aos poucos foram aparecendo palavras como barbecue (churrasco), chocolate, e tomato, palavras exóticas adotados do espanhol que, por sua vez, as tinha adquirido nos seus contatos com as tribos índias do Caribe e da América do Sul. Aliás, a influência da língua espanhola na vida e linguagem norte-americanas tem sido uma constante desde aquela época. O inglês americano adotou mais termos do espanhol do que de qualquer outro idioma. Exemplos não faltam: enchilada, marijuana, plaza, stampede e tornado, muitos dos quais já eram adaptações espanholas do linguajar dos nativos.
A influência francesa sobre o inglês americano ocorreu em lugares e épocas diferentes, à medida que os colonos se deslocavam do litoral para o interior. Ao norte e oeste, na direção do que hoje é o Canadá, eles aprenderam a usar o toboggan (tobogã) e a caçar caribou (caribu), palavras que os franceses haviam recebido dos índios. Nas suas andanças, o explorador de fala inglesa aprendeu a comprar num depot (entreposto) onde poderia barganhar para poupar alguns cents (centavos) e dimes (hoje moeda de dez centavos). Mais ao sul, na região da Louisiana de hoje, o inglês americano ficaria mais rico com a presença de brioche, jambalaya (tipo de comida), picayune (ninharia) e muitos outros termos franceses ou adaptações francesas, vindas de outros idiomas. E por aí foi crescendo.
Nas suas viagens ao longo da costa atlântica, os colonos ingleses entravam em frequente contato com os holandeses de Niew Amsterdam, colônia também conhecida pelo nome indígena Manhatoes. No ano de 1609, o inglês Henry Hudson, a serviço da Holanda, havia tomado posse da região em nome daquele país, e em 1626, os holandeses conseguiram uma das maiores pechinchas imobiliárias de que se tem notícia na história – compraram a ilha de Manhattan aos índios pelo preço de 60 guilders, equivalente a apenas um punhado de dólares de hoje, pago em quinquilharias, miçangas e bugigangas.
Enquanto isso, a movimentação política e as manobras de capa e espada continuavam na Europa. Só que, agora, as consequências faziam-se sentir bem longe de casa. E assim foi que, uma disputa aqui, uma intriga ali, fizeram com que o rei da Inglaterra enviasse tropas para tomar os territórios holandeses no Novo Mundo, o que acabou acontecendo em 1664. Nieuw Amsterdam, agora território inglês, foi rebatizada com o nome de New York. Mas ainda hoje se notam resquícios da presença holandesa tanto no nome de lugares como no vocabulário inglês americano contemporâneo. Brooklyn e Harlem, na época, eram Breukelyn e Haarlem, e se você entrar num restaurante e pedir waffles (leia-se /uófals/) ou coleslaw ou cookies, você estará usando termos holandeses.
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E quem diria que yankee também veio da Holanda e era usada pelos nativos de Flandres, os flamengos, hoje na Bélgica, como alcunha referindo-se aos holandeses? Existem várias histórias sobre a origem do apelido, mas a mais plausível conta que a palavra vem do nome Jan Kees, literalmente João Queijo, que aos poucos se transformou em yankee no Novo Mundo. Os holandeses de Niew Amsterdam usavam o termo em tom de desprezo referindo-se aos nativos da Nova Inglaterra. Mais tarde, yankee virou sinônimo de nortista, especialmente na época da Guerra Civil entre os estados, e hoje significa americano mundo afora, nem sempre usado em tom carinhoso.
Uma das mais importantes contribuições do holandês foi a palavra boss como substantivo, indicando nuanças de profundo significado social e cultural. O termo foi explicado no século XIX por James Fenimore Cooper, autor de O Último dos Moicanos. Ele havia notado que a palavra era usada nos estados do sul quase que exclusivamente por empregados domésticos brancos quando se referiam ou se dirigiam ao patrão. O motivo era óbvio e simples: os brancos não queriam se sentir diminuídos e evitavam o uso das palavras master ou massa (senhor, dono), usadas pelos domésticos negros, os escravos.
O texto acima faz parte do livro Once Upon a Time um Inglês… A história, os truques e os tiques do idioma mais falado do planeta escrito por John D. Godinho. Adquira essa obra nos seguintes endereços: |
100 palavras inglesas originadas do português
Inglês na América: chegada do idioma ao Novo Mundo
Inglês na América: ampliação e manutenção do idioma no Novo Mundo
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