O Inglês na América: chegada do idioma ao Novo Mundo
Na colonização do Novo Mundo, o inglês uniu-se à iniciativa privada, mas não por amor – foi por conveniência, mesmo. As partes dessa união trataram apenas de juntar o útil ao útil; o romântico e o agradável não cabiam nas aventuras transatlânticas daquele relacionamento. Mas não havia alternativa. De um lado, o que seria o patrocinador natural da colonização, a Coroa inglesa, vivia praticamente na penúria e dependia dos humores de um parlamento sovina. As tentativas extraoficiais do cortesão, poeta e explorador Sir Walter Raleigh tinham deixado bem claro que o processo de colonização nas terras de além-mar era um negócio altamente arriscado. Mesmo assim, certos segmentos da sociedade estavam mais do que ansiosos para abandonar o ambiente sufocante da velha Britânia. Seus motivos variavam, mas, quer fossem econômicos ou religiosos, todos vinham devidamente embalados no sonho de um mundo novo e, supostamente, melhor. E assim foi que o inglês se aventurou na travessia do Atlântico, devidamente contratado por empresas privadas.
Isso explica por que a maior parte das colônias inglesas do início do século XVII, como Jamestown (1607), Plymouth (1620) e Massachusetts Bay (1628), começou como entrepostos cujos donos eram comerciantes ingleses e cujos “funcionários” eram simples empregados, chefiados por um “governador” responsável perante os proprietários ausentes na Inglaterra. Uma coisa, porém, era dada como certa: qualquer colônia inglesa seria regida pelas leis inglesas e as liberdades do cidadão seriam garantidas. A primeira Carta Régia foi outorgada pelo Rei James I em 1606 à Virginia Company, nome coletivo de duas empresas, a Plymouth Company e a London Company. O documento deixava bem claro que os colonos e seus descendentes gozariam de “…todas as liberdades…para todos os fins e efeitos como se estivessem vivendo ou tivessem nascido no reino da Inglaterra”. Estes princípios viraram palavras de ordem e briga na década de 1770.
Mal sabia o inglês que a colonização do Novo Mundo seria o passo inicial da sua longa trajetória rumo à globalização. De um idioma invadido passaria agora a ser o idioma invasor e a sua sina de amálgama linguístico, antes limitada à Inglaterra, passaria a vigorar nos quatro cantos da terra. Esse destino começou a se manifestar assim que os primeiros passageiros pisaram no navio Mayflower para a primeira viagem, rumo ao desconhecido.
por William Halsall, 1882
Quando o navio zarpou de Plymouth em 6 de setembro de 1620, havia gente oriunda de cerca de 30 localidades espalhadas por todo o reino, cada uma com seu jeito peculiar de falar, tanto no sotaque quanto na gramática. Para a maioria daquelas pessoas este era provavelmente o primeiro contato com outras variedades do idioma. Aos poucos, o longo convívio fez do Mayflower um caldeirão flutuante em que se fundiam as diferenças regionais da linguagem britânica: as vozes e mentes de East Anglia misturavam-se com as de Devon, Kent e Yorkshire para dar origem ao inglês americano. Por isso, quando as palavras de ordem e gritos de guerra foram dados no Novo Mundo nos anos de 1770 contra os desmandos do Parlamento e da Coroa ingleses, o idioma ainda era o mesmo mas a voz já era outra.
O texto acima faz parte do livro Once Upon a Time um Inglês… A história, os truques e os tiques do idioma mais falado do planeta escrito por John D. Godinho. Adquira essa obra nos seguintes endereços: |
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