O Inglês na América: ampliação e preservação do idioma no Novo Mundo
Entre a chegada do Mayflower ao Novo Mundo, em 1620, e a Declaração de Independência em 4 de julho de 1776, o inglês foi submetido a uma série de influências que o deixaram dramaticamente mudado e muito mais rico. A primeira delas foi a de ter que lidar com uma paisagem nova e bastante diferente da que tinha deixado no Velho Mundo. Com uma rapidez surpreendente, o inglês dos peregrinos de Plymouth adaptou-se ao novo ambiente, assimilando o que os colonos chamavam de wigwam words. A própria palavra wigwam vem da língua dos índios algonquinos, significando cabana ou tenda feita de peles, e já em 1628 era bem conhecida, inclusive na Inglaterra. O vocabulário de wigwam words foi crescendo à medida que se tornava necessário descrever árvores, frutas, animais, peixes, e até comida, que o europeu, obviamente, desconhecia. No processo valia tudo; a marca dos nativos americanos faz-se notar até nos nomes de estados e localidades. Nada menos que 26 estados têm nomes indígenas, desde Massachusetts às duas Dakotas (do Norte e do Sul). O mesmo acontece com o nome de centenas de rios desde mici sibi (o grande rio) dos índios chippewa, que virou Mississippi, até o Potomac, tão importante nas idas e vindas políticas na Washington de hoje.
Mesmo assim, e apesar das influências marcantes do Novo Mundo, algumas das características da linguagem trazida pelos colonos ingleses ainda sobrevivem. Aos ouvidos de um inglês britânico de hoje, certas expressões norte-americanas trazem ecos do idioma de séculos atrás. Os americanos muitas vezes usam gotten em vez de got, mantendo o uso do século XVIII. Para eles, mad ainda significa angry (zangado) como no tempo de Shakespeare. Hoje a palavra sick, que na Inglaterra quer dizer enjoado, na América continua com o significado original de doente em geral. O outono americano ainda é fall, como antigamente, enquanto na Inglaterra se chama autumn. E a expressão tão americana I guess (acho, suponho) remonta aos tempos do poeta Geoffrey Chaucer.
Como qualquer imigrante, os colonos ingleses trouxeram consigo seus pertences e seus referenciais, como os nomes dos lugares de origem, que seriam usados para manter uma ligação com as raízes. Isto nota-se especialmente nos estados que correspondem às treze colônias inglesas, situadas ao longo de uma faixa de território no litoral que se estendia do que hoje é o estado do Maine, no extremo nordeste, até a Georgia, no sul. Já naquela época os estados apresentavam as características que ainda existem e que permitem dividi-los em três regiões: a região norte, a chamada Nova Inglaterra (Massachusetts, New Hampshire, Rhode Island, Connecticut, e, mais tarde, Maine e Vermont), a região central (Nova Iorque, Pensilvânia, Nova Jersey, Delaware) e a região sul (Maryland, Virginia, Carolina do Norte, Carolina do Sul e Geórgia).
da região da Nova Inglaterra
Ali você encontra os nomes de Boston, Gloucester, Cambridge, Bedford, Salisbury e muitos outros, como lembretes do que havia ficado para trás. Mas a necessidade de começar tudo de novo também se refletia em muitos dos nomes que foram surgindo ao longo da costa atlântica – era novo isto, novo aquilo, como declarações de fé no futuro. Hoje existem doze New Londons, oito New Bostons, quatro New Baltimores, cinco New Bedfords e seis New Richmonds.
As influências do Novo Mundo sobre o inglês não vinham apenas do novo cenário e de seus habitantes. Isso porque as colônias inglesas estavam espremidas entre seus concorrentes europeus, com inevitáveis consequências: ao norte e oeste da Nova Inglaterra, exploradores, caçadores e missionários franceses avançavam com a mesma desenvoltura com que se movimentavam no que é, hoje, a Louisiana, à beira do Golfo do México; os espanhóis há muito tempo eram senhores do território no sudoeste a que deram o nome de Nova Espanha, hoje os estados de Arizona, Califórnia, Novo México e Texas, bem como da região da Florida. E logo abaixo da Nova Inglaterra já havia uma colônia holandesa chamada Niew Amsterdam, mais tarde chamada New York.
Enfim, o Novo Mundo tornava-se o palco onde antigos rivais teriam novos encontros e conflitos.
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O certo e o errado no inglês: as divergências
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