O Inglês Americanizado: whiskey, cocktails, bootlegging e moonshine
Parece haver qualquer coisa de inerente ao jogo de cartas e à bebida que os fazem andar sempre de mãos dadas. Certamente, no mundo dos pioneiros a presença dos dois era constante, mantendo a tradição do Mississipi. Afinal, a vida social do homem da fronteira não era das mais agitadas: era trabalho, cartas e bebida e, de longe a longe, uma pequena aventura para quebrar a rotina. A sua bebida preferida era o whiskey, também conhecido como joywater (água da alegria), firewater (água de fogo) ou corn juice (suco de milho). Porém, aquele whiskey não era feito de barley (cevada), como nas Ilhas Britânicas (e que leva o nome de whisky, ou scotch whisky, sem a letra e), mas de milho ou rye (centeio).
Era comum o whiskey ser misturado com diversas bebidas, às vezes as mais inesperadas, produzindo uma beberagem a que davam o nome de cocktail. A história da palavra é meio nebulosa; ninguém sabe ao certo de onde veio. Talvez tenha vindo da África, dizem os estudiosos. Na língua krio da Serra Leoa, kaktel significa escorpião, uma possível analogia à ferroada que um cocktail pode dar. Outros dizem que vem das palavras cock (galo) e tail (rabo), sem explicar o que é que um rabo de galo tem a ver com bebidas alcoólicas. Há também uma teoria, esta um pouco mais romanceada, que a mistura foi inventada para a filha do rei Oxolotl VIII, do México. O nome da moça era Xochitl. Os espanhóis devem ter passado um mau bocado para pronunciar o nome mas finalmente se decidiram por “coctel”, que vem a ser muito parecido com o krio. E, assim, a palavra passou para o inglês americano como cocktail.
Mas, o cocktail daquela época não era a bebida sofisticada de hoje – valia tudo. É fácil imaginar os efeitos e resultados dessas misturas etílicas – muita bagunça e anarquia. O Congresso viu-se obrigado a fazer algumas tentativas para controlar o comércio de bebidas, mas os pioneiros logo acharam uma forma de comercializar o produto, o bootlegging, ou seja, a venda ilegal de bebidas transportadas numa garrafa chata e abaulada que podia ser escondida na perna da bota. To bootleg, é claro, virou verbo e foi logo incorporado ao idioma. Hoje significa, entre outras coisas, vender produtos “pirateados” ou contrabandeados. Inventaram até um nome genérico bastante romântico para as bebidas proibidas, moonshine (luar), porque elas eram ilegalmente destiladas e contrabandeadas na calada da noite.
E assim os pioneiros foram enfrentando e sobrevivendo aos desafios nos novos territórios, muitas vezes embalados pelo entusiasmo do Manifest Destiny, presente nas várias ondas de colonização além-Mississipi. Um dos mais importantes desses movimentos foi a corrida para a ocupação do território de Oregon, no noroeste dos Estados Unidos de hoje. Mas logo, logo, essa onda foi superada por outra bem mais avassaladora, a Gold fever (febre do ouro), uma sensação que tomou conta do país em 1848 e deu origem à grande corrida do ouro (the Gold rush) em1849; daí o nome forty-niner (de quarenta e nove) dado aos que participaram daquele movimento e que ainda hoje é bastante comum tanto para designar botequins e lojas como até times de futebol americano (the San Francisco Forty-Niners).
O texto acima faz parte do livro Once Upon a Time um Inglês… A história, os truques e os tiques do idioma mais falado do planeta escrito por John D. Godinho. Adquira essa obra nos seguintes endereços: |
O Inglês Americanizado: a expansão do inglês
O Inglês Americanizado: novos cenários para o inglês
O Inglês Americanizado: efeito dos ciclos de colonização sobre o idioma
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