O Inglês Americanizado: os cowboys e a língua inglesa
Por vezes tem se a impressão de que a fronteira avançava do Atlântico ao Pacífico de forma mais ou menos uniforme, do norte ao sul do país. A realidade era outra, como a corrida do ouro deixou bem claro. Se, de um lado, havia azáfama, burburinho e o deslumbramento de grandes riquezas caídas do céu, do outro, havia a solidão dos caçadores de peles e dos garimpeiros. Entre esses dois extremos, muitos dos pioneiros finalmente optavam por um meio de vida menos precário, que lhes desse mais estabilidade e certeza de dias melhores. Esses, os que mais tarde se fixaram na terra, eram os verdadeiros homens do oeste, muitos deles cowboys transformados em agricultores, ferreiros, pequenos comerciantes etc.
Um desses comerciantes foi um imigrante chamado Levi Strauss que viajou para a Califórnia para vender um tecido tipo sarja, uma lona mais fina, que poderia ser usada para fazer tendas e barracas nos campos de mineração. Este tecido tinha sido inventado em Gênova (Genoa, em inglês), na Itália, e foi graças a ele que Levi Strauss se tornou um homem rico, provavelmente sem jamais ter descoberto uma pepita de ouro. O tecido fez um enorme sucesso na fabricação de roupas de trabalho que aguentassem os maus tratos dos mineiros e dos cowboys. Seu nome era baseado numa corruptela da palavra Gene, sinônimo de Genoa, que rapidamente virou jeans na boca dos “forty-niners”. O nome só virou sinônimo de peça de roupa no século XX e, nos anos de 1940, ela também ficou conhecida como Levi’s.
A lenda dos cowboys começou por volta de 1867 quando um comerciante de gado, de apenas 29 anos, chamado Joseph McCoy resolveu se estabelecer na cidade de Abilene, no estado de Kansas, onde já havia um terminal ferroviário. O plano de McCoy era simples: ele importaria o gado das grandes pastagens do sul do Texas e depois abasteceria as grandes cidades do norte e do leste. Para isso, ele oferecia aos boiadeiros um bom preço por cada cabeça de gado que lhe fosse entregue no terminal ferroviário de Abilene. Três meses depois de anunciar a proposta começaram a chegar as primeiras remessas, milhares e milhares de cabeças de gado de cada vez. McCoy tinha prometido nos anúncios que iria enviar para o norte e leste pelo menos duzentas mil cabeças nos primeiros dez anos. Para sua surpresa a previsão estava errada. Só nos primeiros quatro anos ele enviou mais de dois milhões. O nome de McCoy virou sinônimo de verdadeiro, confiável, tanto que ainda hoje, quando ouvimos o termo the real McCoy, sabemos que temos na frente um produto, coisa ou pessoa genuína. (Existem outras versões quanto à origem do termo, entre elas a história de um boxeador chamado Kid McCoy, mas a de Joseph McCoy é tida como a mais plausível).
O cowboy, o símbolo da fronteira americana.
Durante duas décadas, o cowboy foi rei no oeste. Na famosa Chisolm Trail (a Trilha de Chisolm), que ia de San Antonio, Texas, a Abilene, Kansas, passando por território índio, hoje o estado de Oklahoma), havia, pelos menos, uns cinco ou seis mil cowboys, todos com um linguajar próprio que refletia os contatos com os vários idiomas falados naquela região. Muitas de suas frases pareciam fazer parte de um dialeto, digamos um inglês pidgin, como, por exemplo, no can do (não dá, nem pensar) e long time no see! (há quanto tempo não te vejo!), provavelmente usadas por imigrantes de origem chinesa.
O contato com mexicanos deu origem a um tipo de inglês com todo um colorido latino, que se espalhou pelo país inteiro. Hoje, qualquer americano sabe o que é um lasso (laço, do espanhol lazo), um rodeo (rodeio), stampede (do espanhol estampeda, ou seja, debandada de rebanho), bronco (cavalo não domado), mustang (cavalo bravio), poncho (poncho, capa), ranch (do espanhol rancho, comida para soldados). Na mesma época, surgiram inúmeros termos associados à palavra cow (vaca ou gado em geral, sinônimo de cattle): cowpoke (guardador de gado) sinônimo de wrangler, bronco-buster, range rider, cowpuncher, todas significando cowboy. Diga-se de passagem, que a própria palavra cowboy ganhou outras conotações: ainda hoje é muito usada referindo-se a alguém que faz barbeiragens no trânsito ou age com imperícia.
O texto acima faz parte do livro Once Upon a Time um Inglês… A história, os truques e os tiques do idioma mais falado do planeta escrito por John D. Godinho. Adquira essa obra nos seguintes endereços: |
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