O Inglês Americanizado: o Mississipi e a Língua Inglesa
O Mississipi não era apenas um rio… era, e continua sendo, um fluxo de sonhos, projetos e devaneios. Era, e continua sendo, um estado de espírito, um modo de vida e um referencial para o americano. Começando em St. Louis, no estado de Missouri, o “grande rio” se estende até New Orleans, na Louisiana, no Golfo do México. Com seus 3.779 quilômetros e 250 afluentes, incluindo os importantes rios Missouri e Ohio, o Mississipi tornou-se a via principal para a colonização além dos Montes Apalaches
Naquela estrada fluvial viajavam colonos, lavradores e comerciantes engajados na produção e transporte de algodão, açúcar, tabaco e no comércio de escravos. Navegando em suas águas, o inglês se fez presente em toda a região, vivendo experiências que deram origem a inúmeras palavras e expressões ainda hoje usadas no idioma americano. E assim, o rio e o inglês foram espalhando prosperidade e colhendo seus frutos por dezenas de cidades, como Pittsburgh, Cincinatti, Louisville, Minneapolis e, é claro, New Orleans.
pintura a óleo, 1884
A fantasia e o romantismo do Mississipi eram personificados pelo meio mais comum de transporte coletivo, os barcos a vapor chamados steamboats ou riverboats. O primeiro deles apareceu em 1832. Eram embarcações largas, de aparência meio achatada e com vários andares avarandados, cheios de janelinhas. Nas palavras de Mark Twain, os steamboats “…são como bolos de noiva – mas sem as complicações e conseqüências.” Em apenas três anos já havia pelos menos 35 steamboats no Mississipi e, num piscar de olhos, o rio e seu modo de vida tomaram conta da imaginação popular. A linguagem ribeirinha passou a ser incorporada ao inglês do dia a dia e sobrevive até hoje. A expressão letting off steam, por exemplo, que se referia apenas a uma técnica de evitar que os caldeirões de vapor explodissem, adquiriu o significado de desabafar. Os pobretões que se locomoviam para cima e para baixo em rafts (jangadas) impulsionadas por remos chamados riffs, passaram a ser the riffraff (a gentalha). Outra versão diz que era uma palavra esquecida pelos próprios ingleses e vinha do século XV.
Mas quer fossem grandes ou pequenos, muitos dos steamboats eram verdadeiros palácios flutuantes, ostentando um luxo exagerado e oferecendo um mundo de entretenimento que incluía jogos de baralho, teatro, dança, música e outras coisinhas mais. Eram os famosos showboats, os ancestrais dos cassinos de Las Vegas e Atlantic City de hoje. Foi neles que a escritora Edna Ferber se inspirou para escrever o romance Show Boat que mais tarde se tornou um dos mais importantes musicais americanos, o Showboat, de Jerome Kern e Oscar Hammerstein II. Descontando-se a licença poética dos autores, tanto o romance, como o musical e, finalmente, quanto o filme do mesmo nome, dão uma ideia de como seria o ambiente ao longo do Mississipi. A memorável canção “Ol’ Man River,” espelha bem o inglês cotidiano da região, incluindo a influência marcante do inglês falado pelos escravos, o black English, do qual falaremos em artigos futuros.
O texto acima faz parte do livro Once Upon a Time um Inglês… A história, os truques e os tiques do idioma mais falado do planeta escrito por John D. Godinho. Adquira essa obra nos seguintes endereços: |
O Inglês Americanizado: a expansão do inglês
O Inglês Americanizado: novos cenários para o inglês
O Inglês Americanizado: efeito dos ciclos de colonização sobre o idioma
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