O Inglês Americanizado: conflitos com o inglês britânico
O inglês do Novo Mundo sempre causou arrepios em terras britânicas. No princípio, o que despertava simples surpresa em Londres foi-se transformando em espanto, que virou agonia, que virou irritação. Em pouco tempo, os ressentimentos se manifestavam em severos ataques contra o idioma de além-mar. O clamor aumentava à medida que novas fronteiras no Novo Mundo eram conquistadas em direção ao oeste – a língua muitas vezes parecia inglês mas já não era, pelo menos aos ouvidos britânicos. A própria palavra frontier (fronteira) era um bom exemplo da metamorfose do inglês. Para os europeus, frontier era uma linha divisória, geralmente fortificada, que dividia regiões povoadas e que separava um país do outro. Já para o americano, frontier era uma coisa bem diferente – era o ponto de encontro entre o território selvagem e o território civilizado.
Até a simples palavra west (oeste) já tinha adquirido conotações diferentes. Para os ingleses, era apenas um ponto cardeal. Para os americanos, the west era um conceito, quase um estado de espírito, que sofria alterações frequentes, dependendo do avanço das fronteiras. Primeiro, referia-se aos territórios a oeste do litoral atlântico, depois àqueles a oeste dos montes Apalaches, mais tarde à barreira divisória representada pelas montanhas Allegheny, e assim sucessivamente até chegar ao far west. Este, por sua vez, também insistia em não ficar num mesmo lugar. Primeiro, far west era tudo a oeste do rio Mississippi, depois eram os territórios a oeste das montanhas Rochosas.
sinalizados no mapa dos E.U.A.
As mutações eram constantes e se refletiam na língua inglesa, o que levava muito britânico ao desespero. Seus reflexos são sentidos até mesmo em português. De acordo com o Dicionário Aurélio, faroeste (do inglês far west) é uma “…região assolada por crimes e violências de toda a ordem,” obviamente uma tradução baseada em devaneios hollywoodianos. A esse período sem lei no tempo dos pioneiros, os americanos normalmente dão o nome, não de far west, mas de wild West ou wild, wild West.
À medida que a fronteira avançava, o inglês ampliava seus horizontes e ficava mais rico pelas novas experiências e desafios. E o que não faltava era chão. Quando os peregrinos chegaram a Plymouth em 1620 havia mais de 4.800 km de territórios selvagens, desertos e montanhas entre eles e o Oceano Pacífico. Mal sabiam a gigantesca tarefa que os esperava. A geografia, o clima e a hostilidade dos índios fariam tudo para atrapalhar o progresso do mais otimista dos pioneiros. Foi um processo moroso: as fronteiras progrediam a uma média de 16 km por ano, num deslocamento em ondas irregulares que foram se sucedendo de forma desencontrada.
Durante os primeiros cem anos, a fronteira foi sendo empurrada até o sopé das montanhas Allegheny. Já vimos como os Scots-Irish e outros imigrantes se aventuraram continente adentro. Depois, durante a Revolução Americana (1776-1781), muitos desses colonos atravessaram as montanhas, ocuparam a região de Kentucky e Tennessee e avançaram até o rio Mississippi. No início da década de 1820, todos os territórios a leste daquele rio já haviam se estabelecido como estados da União ou eram territórios demarcados.
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