O certo e o errado em inglês: regras normativas e descritivas
Para um linguista, a linguagem humana é como o mergulho de um boto ou o canto do sabiá. Os animais são os peritos na sua forma de ser, os donos da bola como se costuma dizer. Quem se atreve a dizer se o balé aquático dos botos cor de rosa está sendo bem executado, quando a coreografia é uma criação dos próprios botos? Quem poderá reclamar que o sabiá está fora do tom, quando o autor da melodia é o próprio sabiá? Por isso, a única forma de saber se uma expressão está gramaticamente correta, é perguntar às pessoas que a usam. Se houver consenso, ela se torna a regra. O resto é devaneio, dizem os linguistas. Mas se tudo é assim tão simples, por que toda essa polêmica? Por que, de acordo com alguns comentaristas, a língua inglesa está virando “um lixo”?
Regras Normativas e Descritivas
O mais interessante é que os adversários na disputa reconhecem a necessidade de haver “regras”. Sem elas, o idioma seria altamente prejudicado como meio de comunicação. Só que umas são impostas e outras são naturais, e, com frequência, os dois tipos entram em conflito. Uma criança sabe usar um verbo, um adjetivo, um pronome, um substantivo, e sabe colocá-los numa ordem lógica e natural no seu idioma. Se você lhe perguntar o que é um verbo ela pode pensar que é um brinquedo. Certamente, não foi mamãe nem papai que lhe ensinaram o que é um verbo, um pronome, etc., até porque mamãe e papai provavelmente já não se lembram ou nunca souberam o que são essas figuras. Pelo contrário, é um milagre que as crianças aprendam a falar corretamente a despeito da linguagem tatibitate que ouvem dos pais, dos titios e titias, que menosprezam suas vítimas com arremedos de linguagem que vão de bilu-bilu para baixo.
E o debate continua. Tanto em português quanto em inglês, ou qualquer outra língua, de que adiantariam as regras normativas se não existissem as regras fundamentais instintivas que permitem a criação natural de frases com os verbos, pronomes, adjetivos, etc., no seu devido lugar? Como explicar, por exemplo, a naturalidade com que uma criança de dois ou três anos diz: “o menino come a banana” em vez de “banana o come a menino”. Todo mundo presume que a criança já conhece as regras fundamentais e por isso elas nunca são mencionadas nos livros ou nas escolas. Na melhor das hipóteses, diz Pinker, regras normativas são meras decorações de pouca consequência. E dá um exemplo: o simples fato de que têm que ser aprendidas, às vezes a duras penas, já demonstra que são elementos estranhos à engrenagem natural da linguagem humana. Por esse motivo, não existe contradição em dizer que uma pessoa normal sabe, ao mesmo tempo, falar gramaticamente (seguindo as regras impostas), e não gramaticamente (seguindo as regras instintivas). É como dizer que um motorista e seu carro obedecem, sem qualquer esforço especial, às leis naturais da física, mas, por vontade ou negligência, violam as leis impostas pelo código de trânsito.
O estudante de inglês, sem ter o código da sintaxe do idioma impresso no seu DNA, é apanhado nesse fogo cruzado, e, com todo o direito, pergunta: “De onde, como e por que surgem as regras normativas? E de onde vem a autoridade daqueles que se julgam com o direito de dizer o que é certo e o que é errado?” É o que veremos nos próximos artigos.
O texto acima faz parte do livro Once Upon a Time um Inglês… A história, os truques e os tiques do idioma mais falado do planeta escrito por John D. Godinho. Adquira essa obra nos seguintes endereços: |
Ortografia irregular e esquemas previsíveis
O certo e o errado no inglês: as divergências
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