O certo e o errado em inglês: preconceito linguístico em ação
Com todos os seus defeitos, esquisitices e incoerências, a língua inglesa é frequentemente elogiada por não ter qualquer autoridade suprema para lhe tolher a liberdade. Otto Jespersen, o linguista dinamarquês, costumava comparar a língua francesa aos jardins severos e formais de Louis XIV, e fazia o contraste com a língua inglesa que era como “…um jardim plantado aparentemente sem qualquer planejamento, deixando você livre para passear a seu bel-prazer sem se preocupar com qualquer guarda mal-encarado impondo regulamentos rigorosos.” [Growth and Structure of the English Language, 1982, p. 16].
Preconceito linguístico: político contra o “split infinitive”
Preconceito linguístico: jornal contra o “ain’t”
Provavelmente o que causou o maior escândalo foi a inclusão da palavra ain’t (contração de am not, is not, are not, ou até mesmo has not e have not) com a observação de que é usada em muitas partes dos Estados Unidos. Um bom exemplo encontra-se no primeiro filme falado, The Jazz Singer, de 1927, em que o cantor Al Jolson declarava, na maior alegria: “You ain’t heard nothin’ yet” (Vocês ainda não ouviram nada). Para desespero dos puristas, a frase estava toda errada (além da palavra ain’t, ela continha uma dupla negativa e deveria ser “You haven’t heard anything yet”), mas refletia o inglês de muitos na plateia.
Em The Story of Language, Mario Pei comenta o fato de que ain’t tornou-se comum na época do Rei Charles II, isto é, há uns 300 anos, mas não se sabe bem quando os “guardiões” a declararam “ilegal”. Ninguém duvida que a frase ain’t I é muito mais fácil de pronunciar do que aren’t I ou amn’t I e soa muito mais natural do que am I not.
Mas o preconceito dos “guardiões” e seus seguidores tem mantido a palavra fora do círculo privilegiado do standard English. O New York Times ficou tão furioso com o novo dicionário Webster que resolveu jamais usá-lo e anunciou que continuaria a usar a edição de 1934. A insensatez não passou em branco. O escritor, e também “guardião”, Bergen Evans viu-se obrigado a declarar: “Alguém que, no ano de 1962, anuncia solenemente que, em questões de uso da língua inglesa, se guiará por um dicionário de 1934 está falando bobagem, ao mesmo tempo ignorante e pretensiosa.”
O texto acima faz parte do livro Once Upon a Time um Inglês… A história, os truques e os tiques do idioma mais falado do planeta escrito por John D. Godinho. Adquira essa obra nos seguintes endereços: |
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