O certo e o errado em inglês: os guardiões do idioma
Quem são os árbitros do certo e do errado num idioma? Na França, existe a Académie Française que, não raras vezes, é vítima de brincadeiras e do mais respeitoso desrespeito por parte dos próprios franceses. E na língua portuguesa temos acordos ortográficos elaborados pela Academia de Ciências de Lisboa e a Academia Brasileira de Letras, e aprovados pelos congressos nacionais dos dois países. O cidadão comum simplesmente não é consultado e, para ele, as academias são entidades olímpicas onde se toma um chazinho com biscoitos e se discute a importância de ser imortal.
Já a língua inglesa não tem esse tipo de estrela-guia. Não existe uma academia na Inglaterra ou nos Estados Unidos para reger as andanças de seu idioma. Talvez isso explique a bagunça que muitas vezes impera no inglês e justifique a arrogância dos que se acham donos da língua. Já diz o ditado: “Em terra de cego…” Pode ser. Então, resta a pergunta: “Quem são, afinal, os legisladores do ‘inglês correto’, como e por que conseguiram alcançar esse poder para ditar as regrinhas que se aprende na escola e que deveriam ser obedecidas na vida particular e profissional?”
Houve uma época em que não havia lugar para tais legisladores. Mesmo antes da Conquista Normanda em 1066, o inglês já não era chegado a regras e formalidades, resultado de tantas influências vindas de fora. Após 1066, o francês tornou-se a língua oficial do país, e a língua inglesa continuou à solta, coisa de terceira classe, a língua da ralé, e assim permaneceu durante séculos. O povo fez, refez e alterou o idioma sem ninguém lhe dizer que “esta forma está correta” e aquela “está errada”.
Os “guardiões” da língua inglesa
dois guardiões da língua inglesa
Já os membros do campo oposto, geralmente linguistas, contestam alguns dos exageros conservadores e os desmandos linguísticos dos “guardiões“, e dizem que gerações de falantes do idioma foram simplesmente intimidadas a obedecer às regras impostas. E explicam por quê. De acordo com R. L. Trask, em Language: The Basics, muitos anglofalantes tendem a olhar questões de linguagem como uma coisa envolvendo questões de moral, como se houvesse algo de sagrado nas regras ditadas nos livros e impostas nas escolas. Depois de destrinchar algumas das regras, Trask declara que as opiniões de alguns “guardiões” sobre o que é bom ou ruim são baseadas em julgamentos altamente subjetivos e eivados de preconceitos, confusão e ignorância.
Para muitos linguistas, os “guardiões” têm se mantido no poder por causa do nervosismo e ansiedade da classe média, provocados pela vontade de “subir na vida”. Segundo eles, o recado intimidativo dos “guardiões” é mais ou menos assim: “O negócio é simples: ou você fala corretamente ou é excluído do clube; ou pertence à elite ou à ralé.”
Os “guardiões” também cometem erros gramaticais
Para os “guardiões”, pouco importa que existam fatos históricos que esvaziam o balão das regras “protegidas”. Afinal, muitas delas tiveram origem em pequenos desvarios folclóricos que se perpetuaram ao longo de séculos, mesmo sendo ignoradas pelos mais consagrados autores na língua inglesa. Algumas delas serão abordadas nos próximos artigos.
O texto acima faz parte do livro Once Upon a Time um Inglês… A história, os truques e os tiques do idioma mais falado do planeta escrito por John D. Godinho. Adquira essa obra nos seguintes endereços: |
O certo e o errado no inglês: as divergências
Propostas e reformas ortográficas na língua inglesa
O certo e o errado no inglês: regras normativas e descritivas
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