O certo e o errado em inglês: a ascensão dos gramáticos
A ascensão dos “guardiões do idioma” já foi descrita como um “escândalo” que vem de longe, mas que se tornou mais pronunciado em meados do século XVIII. Para os primeiros “guardiões”, o latim era a língua do conhecimento, da sabedoria, e oferecia os ideais de precisão e lógica que deveriam ser seguidos pela língua inglesa. Outra faceta que os fascinava era o fato de o latim ter sido o idioma de um vasto império, o que se encaixava perfeitamente nas ambições expansionistas inglesas. Por isso, os críticos alertam: a gramática inglesa é do jeito que é porque muitas das sua regras e terminologia são baseadas num idioma que pouco tem a ver com as raízes da língua inglesa.
Primeiros Gramáticos do Inglês
Linguae Anglicae Scriptione Dialogus
de Sir Thomas Smith
As circunstâncias no século XVIII vieram acirrar esse estado de coisas. A Inglaterra havia se tornado o centro de um poderoso império e a língua inglesa estava assumindo uma posição de destaque como idioma internacional. Na própria sociedade inglesa, o idioma estava se tornando cada vez mais importante como meio de galgar os degraus da escala social e econômica. Os novos tempos exigiam novos livros, cursos, escolas, manuais, tudo que ajudasse o cidadão a “subir na vida”. Multiplicavam-se as regras, os refinamentos, e os termos absolutamente “essenciais” que não podiam ser dispensados por pessoas de “fino trato”. Muitos dos absurdos gramaticais de hoje podem ser atribuídos às modas e manias daquele tempo. Em Pygmalion, George Bernard Shaw, com a aguçada ironia de sempre, descreve muito bem esse tipo de coisa. Indignada, Eliza Doolittle, a reles vendedora de flores, vira-se para o Professor Higgins e dispara: “Eu não quero falar gramática; quero falar como uma dama.”
Gramática de Inglês sob ataques
Rapidamente o livro virou texto padrão no ensino do idioma e o nome de Robert Lowth começou a ser considerado como sinônimo de gramática normativa, ditando regras e parâmetros para o que é certo e o que é errado. Um bom número dos preceitos gramaticais ainda hoje em vigor, e amplamente atacados por linguistas dos dois lados do Atlântico como incoerentes, vem daquela época, muitos deles saídos do livro de Robert Lowth. Foi dali que surgiram regras como: é proibido separar um infinitivo; não se deve terminar uma oração com uma preposição porque a preposição tem que vir antes de alguma coisa (pre- quer dizer antes em latim, entenderam?); é incorreto usar uma dupla negativa porque isso é equivalente a um positivo; a palavra between (entre) só pode ser usada com relação a duas pessoas ou coisas e among com relação a três ou mais.
E, assim, os defeitos, esquisitices e incoerências da língua inglesa foram se firmando, para o desespero de muitos nativos e de quase todos os estrangeiros que se aventuram a estudá-la.
O texto acima faz parte do livro Once Upon a Time um Inglês… A história, os truques e os tiques do idioma mais falado do planeta escrito por John D. Godinho. Adquira essa obra nos seguintes endereços: |
O certo e o errado no inglês: as divergências
Propostas e reformas ortográficas na língua inglesa
O certo e o errado no inglês: gramáticas normativas e descritivas
Como agradecer ao Inglês no Supermercado porque ele existe? Adicione o blog ao iGoogle. Adicione um link para esta página. Clique nos ícones abaixo e divulgue o blog e tudo que você sabe a respeito das a ascensão dos gramáticos do idioma inglês no Orkut, Twitter, Facebook, emails etc.