Nomes em Inglês: Sobrenomes Estrangeiros e Outros
Nem todos os imigrantes alteravam seus nomes ao chegar à América. Uma rápida consulta à lista telefônica de qualquer grande cidade americana revela a existência de nomes complicados como Wojchiechowicz, Abbatticchio, e Stuhldreder. Posso imaginar as dificuldades que seus portadores devem ter no seu dia a dia e as inúmeras histórias que têm para contar. Aliás, não é difícil encontrar imigrantes ou seus descendentes com uma ou várias histórias para contar. A minha começou quando o pescador João conheceu a bonita Domingas Luísa – ele de Cascais, ela de Setúbal, em Portugal. Quando João imigrou para os Estados Unidos descobriu que os nativos faziam uma série de malabarismos sonoros com o seu nome: o singelo João invariavelmente saía /djô-u-ei-ô-u/. E o que é essa linha ondulada acima do A? perguntavam. Ao que meu pai prontamente respondia: esquece. Já Domingas Luísa caía bem na língua inglesa. O sobrenome Godinho é um capítulo aparte e se presta a um monte de variações: ora dizem /Góden-hô-u/, ora /Godáin-hô-u/, ora /Godên-hô-u/, todos com o agá aspirado. Com o tempo, o pessoal se habitua a pronunciá-lo /Godino/, sem o agá, rimando com paladino. É que as letras NH, em inglês, simplesmente não se combinam para produzir o mesmo som que em português. Paciência.
Na América, onde a tendência dos colonos era simplificar sobrenomes, a imaginação muitas vezes dava altos voos quando se tratava de prenomes. Os mais comuns, claro, eram os de sempre: John, Charles, Thomas, Daniel etc. para os meninos, e Elizabeth, Mary, Sarah etc. para as meninas. Mas já entre os passageiros do Mayflower, trazendo os primeiros peregrinos, se notava uma tendência a inovar. Alguns dos passageiros tinham nomes como: Love (Amor) Brewster, Humility (Humildade) Cooper, Desire (Desejo) Minter e Remember (Lembra-te ou Lembre-se de) Allerton.
De acordo com David H. Fischer, no livro Albion’s Seed: Four British Folkways in America (New York, 1989), o hábito de dar nomes refletindo sentimentos, emoções e virtudes, pegou. No princípio, os nomes eram bastante simples e diretos, comemorando apenas uma virtude ou sentimento: Charity (caridade), Faith (fé), e Hope (esperança). Mas passada uma geração, os puritanos davam aos filhos nomes que eram verdadeiros recados de zelo religioso: Flie-Fornication (Fora-Fornicação), Misericordia-Adulterina, Job-Raked-Out-of-the-Ashes (Jó-Resgatado-das-Cinzas), Small-Hope (Pequena Esperança), The-Lord-Is-Near (O Senhor Está Perto). Os pais mais entusiasmados inventavam nomes que pareciam cantos de torcida organizada em dia de Maracanã: Fight-the-Good-Fight-of-Faith (Luta-a-Boa-Luta-da-Fé) Johnson; Fear-Not-for-the-Lord-Is-Near (Não-Tenhas-Medo-porque-O-Senhor-Está-Perto) Walker; Kill-Sin (Mata-o-Pecado) Taylor. Alguns chegavam a escolher o nome dos filhos na base do “seja o que Deus quiser” – simplesmente fechavam os olhos, abriam a Bíblia, apontavam para uma das páginas e o nome seria aquele onde o dedo caísse. O sistema produziu alguns resultados, no mínimo, inusitados como Maybe (Talvez) Barnes e Notwithstanding (Não-Obstante) Griswold.
na base do “seja o que Deus quiser”
Enfim, o abandono com que os nomes eram escolhidos naquela época faz lembrar algumas das práticas dos hippies nos anos de 1960. Mas esse tipo de relaxamento mental praticado no mundo dos negócios pode levar a resultados inesperados, graves e dispendiosos, como veremos no próximo artigo. (Contato com o autor: John D. Godinho – [email protected])
O texto acima faz parte do livro Once Upon a Time um Inglês… A história, os truques e os tiques do idioma mais falado do planeta escrito por John D. Godinho. Adquira essa obra nos seguintes endereços: |
Nomes em Inglês: As Origens
Nomes em Inglês: Pronúncias Desencontradas
Nomes em Inglês: Prenomes e Sobrenomes na América
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