Nomes em Inglês: Pronúncias Desencontradas
Quando o remédio Viagra explodiu nas manchetes do mundo, os falantes da língua inglesa sofreram um impacto duplo: ficaram felizes pela novidade e atônitos pela estranheza do nome. Para eles, o Viagra era uma entidade que se materializou de repente, vindo do nada, assim como seu nome, sem referências nem história. Como pronunciá-lo? /Vi/, /Vê/ ou /Vai/? Nos programas de televisão e noticiários em inglês a perplexidade dos apresentadores era patente e o nome era pronunciado ora de uma forma ora de outra. Isso porque, em inglês, a letra I, por si só, não merece a confiança que lhe damos em português; ela pode ser pronunciada de três formas. A solução era fazer uma analogia ou associação com outras palavras. Mas o nome só dava uma única e óbvia pista, a palavra via, que tem o mesmo significado em português e em inglês. Por azar, ela tanto pode ser pronunciada /via/ como /vaia/. Finalmente, o consenso elegeu a pronúncia vencedora, já que, com a exceção de via, todas as palavras em inglês que começam com aquele conjunto de letras são pronunciadas /vaia/. Decidido: o nome seria – /Vaiegra/.
Fica calmo e usa Viagra
O episódio não apresenta nada de novo e espelha apenas uma das tendências do inglês. Aos olhos de um estrangeiro, muitos nomes ingleses sempre pareceram o resultado de um desvario. Em muitos casos a pronúncia, especialmente a britânica, nada tem a ver com a grafia. Bill Bryson, em The Mother Tongue, dá uma série de exemplos de sobrenomes, sugerindo que as diferenças de pronúncia talvez sejam pequenos divertimentos em família, para o desconforto de estranhos. Eis alguns: o nome Leveson-Gower pronuncia-se /lussan gôr/, Marjoribanks passa a ser /martchbanks/, Hiscox vira /hizzko/, Zuill fica /yull/. O processo degringola totalmente quando se trata de nomes de origem franco-normanda – qualquer semelhança entre o nome escrito e o pronunciado não é mera coincidência, é um milagre. Beauchamp vira /bitcham/, Prideaux torna-se /prêdaks/, Cambois se transforma em /cammiss/, e Beaudesert transveste-se, no maior à-vontade, em /belzer/. E os delírios não ficam por aí. Até mesmo os nomes mais simples estão sujeitos a esses passes de mágica, como nos mostra Norman W. Schur em British English, A to Zed: o nome de Caius College, em Cambridge, vira /kis college/, e o nome de Magdalen College, tanto o de Oxford quanto o de Cambridge, é inexplicavelmente pronunciado /módlan/. A localidade de Belvoir sai com o nome de /bíva/, e a de Culzean, resignada, permite ser chamada de /kleine/.
A história dos nomes em inglês é complicada, como veremos em artigos futuros. (Contato com o autor: John D. Godinho – [email protected])
O texto acima faz parte do livro Once Upon a Time um Inglês… A história, os truques e os tiques do idioma mais falado do planeta escrito por John D. Godinho. Adquira essa obra nos seguintes endereços: |
Nomes em Inglês: As Origens
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Imigrantes e Inglês Americano: Gullah e Origens do Black English (Ebonics)
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