Nomes em Inglês: Formas Extravagantes de Inventar Nomes
Em meados do século XIX, os esquemas até então usados para inventar nomes na América haviam se exaurido quando ainda havia muito chão pela frente. Foi exatamente naquela época que a conquista do oeste começou a tomar fôlego em decorrência da corrida do ouro na Califórnia e da inauguração da ferrovia transcontinental. Novas comunidades pipocavam por todos os lados, da noite para o dia, todas exigindo uma identificação mais ou menos oficial, uma certidão de nascimento. Os agentes das redes ferroviárias não se fizeram de rogados e desandaram a dar nomes a qualquer grupinho de casas; chegaram até a impor novos nomes a comunidades já solidamente estabelecidas. Foi o caso de Marthasville, Georgia, que foi obrigada a “engolir” o nome de Atlanta “sugerido” pelos altos executivos ferroviários. O carnaval onomástico atingiu o auge quando as empresas resolveram dar aos passageiros na viagem inaugural de uma nova linha o privilégio de escolher os nomes dos lugarejos onde o trem parava. [H. L. Mencken, The American Language, 1989, p. 533].
O pessoal dos correios também não perdeu tempo para entrar na brincadeira. Em Names on the Land, George R. Stewart conta a história de um alto funcionário que deu nome a dezenas de agências de correio, todos baseados nos nomes de crianças do seu bairro. Até aí nada demais, se não fosse o fato de que, por força das circunstâncias, os nomes das agências do correio acabavam virando o nome das comunidades em que se situavam.
Os próprios habitantes dos lugares, muito naturalmente, também inventavam nomes, muitos deles tão estranhos que mais pareciam a consequência de longos tragos de cachaça de má qualidade: Delirium Tremens, Califórnia; Two Egg, Flórida; Hot Coffee, Mississippi; Shit-House Mountain, Califórnia; Eek, Alaska, só para mencionar alguns. A bagunça chegou a tal ponto que era difícil identificar o local exato de um grande número de comunidades. Muitos estados tinham 3, 4, 5 ou mais localidades com o mesmo nome, ou suas variações, o que deixava o pessoal dos correios literalmente desnorteado. Finalmente, em 1890, o Presidente Benjamin Harrison viu-se obrigado a designar uma comissão para colocar ordem no caos: o Board on Geographic Names.
Após longos anos de muito trabalho e controvérsia, a comissão conseguiu fazer uma faxina razoável e dar alguma coerência ao conjunto de nomes. Algumas de suas determinações simplificaram bastante a vida de todos. Por exemplo, todos os nomes de cidades terminando em -burgh deveriam perder o H e passar a ser -burg; os que terminavam em -borough passaram a terminar em -boro e, quando possível, as palavras city ou town deveriam ser eliminadas do nome de lugares. Outra determinação juntava todas as palavras que compunham o nome de um lugar, como New Castle que virou Newcastle e La Fayette que passou a ser Lafayette. Algumas cidades resistiram a estas mudanças, mas, geralmente, acabaram capitulando aos ditames do Board com uma notável exceção – Pittsburgh – que lutou durante mais de 20 anos até que seu nome foi finalmente oficializado com H.
Ao contrário daquela época, as novas comunidades de hoje tendem a ter nomes muito bem pensados para refletir uma aura de prestígio ou uma imagem de prosperidade e progresso. O motivo é óbvio. As firmas construtoras dessas comunidades planejadas escolhem o nome de seu produto seguindo as mais recentes práticas de marketing. Seu público-alvo: as classes mais abastadas, sempre prontas para ostentar seu “sucesso”. E assim vão surgindo as Buena Vista Hills, Lake View Heights, Canterbury Villages, Golden Greens e tantas outras, todas desenhadas e alardeadas como o paraíso na terra. O esquema se repete no Brasil: a Barra da Tijuca, no Rio de Janeiro, está repleta desses édens terrestres, todos com o seu vistoso apelido anglo-saxão.
Já quanto à escolha de prenomes e sobrenomes na América, o processo também teve seus momentos de turbulência mental, como veremos em artigos futuros. (Contato com o autor: John D. Godinho – [email protected])
O texto acima faz parte do livro Once Upon a Time um Inglês… A história, os truques e os tiques do idioma mais falado do planeta escrito por John D. Godinho. Adquira essa obra nos seguintes endereços: |
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