Línguas Inglesas – Inglês Australiano e suas Variações
Contrário ao que acontece na Inglaterra, as variações no inglês australiano não têm necessariamente uma conotação social ou profissional, quer dizer, não indica quem é da classe média, alta ou baixa ou quem é o quê na vida profissional. Um linguista que se baseie unicamente na pronúncia de um australiano vai ter grandes dificuldades em chegar a qualquer conclusão quanto às origens de seu entrevistado. Já na Inglaterra, a pronúncia é forte indício da posição social e profissional de um cidadão a ponto de muitos, como a primeira ministra Margaret Thatcher, fazerem esforços especiais para disfarçar o seu sotaque de classe média baixa. Por ironia do destino, os ingleses, sem querer, formaram na Austrália uma estrutura social sem classes, já que, abaixo do governador e dos supervisores de prisioneiros, todo o mundo pertencia à mesma classe: a dos presidiários, ex-presidiários e suas famílias.
Desde o princípio, a população, com seus referenciais do submundo e com um linguajar próprio chamado flash language, tinha fortes reservas quanto aos que falavam o inglês correto, que eles apelidaram de lah-di-dah (o inglês afetado), o inglês da autoridade. Para eles, havia uma ligação entre esse tipo de inglês e a ambição de subir na escala social, a qualquer custo, e por isso o australiano que falasse daquele jeito era olhado com suspeita, até mesmo como traidor das próprias origens.
la-di-da, la–de–da, lah–de–dah ou lah–dee–dah
Basta dar uma olhada na posição dos colonos para entender um pouco a sua reação ao inglês imperial. Do total de 150 mil prisioneiros enviados para a Austrália até 1850, quando o sistema foi abolido, aproximadamente um terço era de irlandeses, e 20% eram mulheres, uma boa parte delas condenadas por prostituição. A maioria da população era composta de analfabetos e quase todos tinham sido condenados várias vezes. Convenhamos, os ingredientes não pareciam promissores para a construção de uma sociedade mais ou menos dentro dos padrões ocidentais. Como diz Russell Ward, no livro The Australian Legend [Oxford, 1978, p. 26] “… durante metade da sua existência, a Austrália branca foi, antes de tudo, um enorme presídio”. O mais impressionante é constatar que eles conseguiram construir uma sociedade digna da maior admiração.
Esse sucesso deve ter algo a ver com as características dos habitantes. Os cockneys e os irlandeses sempre tiveram a fama de grandes “contadores de causos”, mestres da prosa fácil e da invenção de frases e imagens. Muito dessa informalidade reflete um jeito de encarar a vida e seus desafios com uma certa leveza, o que deve ter sido de grande valia para aguentar as agruras das colônias penais.
Entre as variações de inglês australiano, o comum e o culto não apresentam maiores problemas para um estrangeiro que já tenha um bom conhecimento de inglês, mas o Broad Australian é outra coisa. A palavra broad, neste caso, significa afastamento pronunciado dos padrões de uso e de pronúncia do idioma. O resultado é uma forma de falar considerada rústica e difícil de entender, um jeito de falar distorcendo as vogais e eliminando sílabas. Por vezes, o ouvido não acostumado pode até achar que a língua inglesa, se for reconhecida, entrou em colapso.
Os próprios australianos são os primeiros a fazer gozação com o seu jeito de falar, como veremos no próximo artigo. (Contato com o autor: John D. Godinho – [email protected])
O texto acima faz parte do livro Once Upon a Time um Inglês… A história, os truques e os tiques do idioma mais falado do planeta escrito por John D. Godinho. Adquira essa obra nos seguintes endereços: |
Línguas Inglesas – Inglês Australiano, o Começo
Línguas Inglesas – As Variações do Queen’s English
Línguas Inglesas – Inglês Australiano, a Colônia Penal
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