As Faces do Inglês: Slang e os Palavrões
Justamente por ser um tipo de linguagem muitas vezes não aceitável em sociedade dita culta, existe muito pouca informação sobre o slang dos tempos antigos. Na língua inglesa, existem alguns registros escritos por volta de 1560 por autores anônimos (como convinha na época), mas eles lidam apenas com o vocabulário especializado de ladrões e desocupados. O primeiro livro sobre slang de que se tem notícia, em inglês, é um dicionário, de autor também anônimo, intitulado A Dictionary of Canting Crew, de 1699. Mas o livro que realmente marcou época foi escrito por Francis Grose, em 1785, intitulado A Classical Dictionary of the Vulgar Tongue (Dicionário clássico da língua vulgar). Depois dele, seguiram-se dezenas de outros, muitos deles por autores anônimos, até que, em 1937, Eric Partridge publicou o Dictionary of Slang and Unconventional English (Dicionário de gíria e inglês não convencional) considerado um clássico do gênero.
As linhas divisórias entre o slang, o inglês coloquial, expressões idiomáticas e outras manifestações do idioma, são difíceis de identificar. Porém, o slang tende a buscar sua inspiração nos aspectos mais elementares da vida, tais como a sexualidade, as necessidades fisiológicas do ser humano, a morte, a violência, todas usadas de forma jocosa e com a maior informalidade. Essas raízes e informalidade não raro dão origem a confusões com outro tipo de linguagem, outra face do inglês, bem mais forte e carregada de tons negativos e rejeitada por determinados círculos sociais.
E assim chegamos ao swearing, derivado do verbo to swear. O próprio nome já traz embutida uma boa dose de perplexidade: ele pertence a uma classe de palavras meio esquizofrênicas que podem ter, ao mesmo tempo, significados diametralmente opostos. São os contronyms, mais conhecidos como “palavras de duas caras”. (Em português também temos algumas: sanção tanto implica em aprovação quanto em desaprovação; certo tanto quer dizer que algo é exato quanto que é inexato, como na frase: certa vez, eu vi um certo senhor que fazia contas certas).
Se, por um lado, to swear significa jurar ou fazer um juramento, em respeito a uma entidade superior ou coisa ou pessoa considerada sagrada, por outro lado, também significa usar linguagem tida como blasfema e desrespeitosa, sendo aí incluída toda a linguagem profana, obscena, abusiva, asquerosa ou chula. Essa linguagem pode ter vários nomes: swearwords, dirty words, four-letter words, foul language, dirty language etc. todos pertencentes à mesma classe, ou seja, a dos palavrões.
Amo palavras de juramento/palavrões.
Geralmente são palavras associadas aos órgãos genitais e à atividade sexual (cunt/vagina, fuck/ato sexual, prick/pênis), a excremento (crap, shit/fezes), ou expressam profundo desrespeito religioso, como usar nomes sagrados em vão (Jesus Christ!). (Não estou usando os palavrões correspondentes em português porque o leitor, mesmo que não os use, certamente já os conhece).
O conceito do que é ou não um palavrão ou blasfêmia tem variado ao longo do tempo. No século XIX, por exemplo, a palavra damn (maldição, praga; amaldiçoar) era tida como blasfema, mas hoje é apenas uma palavrinha sem muita importância, talvez porque assuntos religiosos como céu e inferno não são levados tanto a sério como antigamente. No próximo artigo, veremos outras facetas desse tipo de linguagem. (Contato com o autor: John D. Godinho – [email protected])
O texto acima faz parte do livro Once Upon a Time um Inglês… A história, os truques e os tiques do idioma mais falado do planeta escrito por John D. Godinho. Adquira essa obra nos seguintes endereços: |
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