Curiosidades e dicas do inglês escrito: propostas e reformas ortográficas
Como acontece de longe a longe com qualquer língua, o inglês também tem sofrido, e muito, nas mãos e bocas de pessoas de influência, sempre cheias de boas intenções. “Intelectualices”, dizem alguns críticos mais exaltados. Foi o que aconteceu no século XVII quando uma paixão pelas línguas clássicas assolou a Inglaterra. De repente, nos círculos de intelectuais e de outros formadores de opinião, começaram a surgir exemplos de mudanças ortográficas numa tentativa de trazer o inglês mais perto do latim.
Os resultados são, hoje, considerados absurdos, mas, enfim, estão todos aí e não há forma de evitá-los. Vejam só. Os eruditos insistiram em colocar um B em debt (leia-se /dét/, dívida) e doubt (/dáut/, dúvida) simplesmente porque essa letra existe nas palavras debitum e dubitare, em latim. Mas note que o B continua mudo, e a pronúncia continua a mesma como no tempo em que as palavras eram dette e doute. Pelos mesmos motivos, a palavra island (ilha) ganhou um S, scissors (tesoura) um C, e anchor (âncora) um H. Nenhuma dessas letras era, nem é, pronunciada. Faz sentido? Foi por essas e outras que o escritor americano Ambrose Bierce, no seu livro The Devil’s Dictionary, descreveu a ortografia inglesa como “a ciência de soletrar com o olho em vez de com o ouvido, praticada com mais afinco do que sabedoria por gente internada em manicômios.”
A importação de vocábulos de outros idiomas também deu uma bela contribuição aos caos ortográfico. Como já vimos, o inglês não só adota novas palavras com voracidade, como também faz uma tentativa de preservar a ortografia original. Auto-da-fé em português é auto-da-fé em inglês, com hífens, acento agudo e tudo. Toda a vez que há necessidade de uma palavra para descrever uma ideia ou conceito e ela não existe no vocabulário inglês, adota-se a palavra adequada vinda de outro idioma, trazendo a ortografia e a pronúncia, mesmo que as normas do inglês sejam violentadas. É o caso de garage, champagne e mesmo piranha, que são pronunciadas como nos países de origem e não de acordo com os preceitos comuns do inglês que as tornaria algo como garadge, tchampeigne e pairén-ha (com H aspirado).
Mais propostas de reforma ortográfica
Mark Twain era outro que também apoiava com entusiasmo as reformas propostas. Mas no seu caso, tratava-se mais de uma questão de facilitar a tarefa do escritor, tanto que acabou propondo um alfabeto simplificado em que as letras eram reduzidas a meros traços. Dava a impressão de que Mark Twain estava brincando e talvez seja esse o motivo porque o seu A Simplified Alphabet (Um Alfabeto Simplificado) não teve qualquer aceitação. Aliás, o próprio Mark Twain deu o tom de seu envolvimento quando disse: “É bom ter uma ortografia simplificada mas, como o voto de castidade, a coisa pode ser levada longe demais.”
O texto acima faz parte do livro Once Upon a Time um Inglês… A história, os truques e os tiques do idioma mais falado do planeta escrito por John D. Godinho. Adquira essa obra nos seguintes endereços: |
Influência normanda na ortografia inglesa
Ortografia irregular e esquemas previsíveis
Confusão gerada entre a pronúncia e a escrita inglesa
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