As Faces do Inglês: Standard English e Suas Mutações
Como já vimos, o Standard English, mesmo sendo rigorosamente obedecido, está sujeito a muitas mutações. As circunstâncias o obrigaram a se especializar de tal forma que já deu filhotes, hoje representados por vários tipos de inglês usado em diversos setores da sociedade, como o Business English também conhecido como business-esse, o economese (economês), o legalese (legalês), e tantos outros, todos mantendo o rigor da gramática, pontuação, etc., mas com características próprias.
O Business English, por exemplo, mesmo observando as regras do Standard English, é quase um dialeto para muitos nativos devido aos significados especiais que são dados a palavras comuns. O nome dessa variação de inglês já é impreciso o suficiente para causar confusão, uma vez que o termo business engloba um número enorme de atividades, cada uma com jargão próprio: administração de empresas, vendas, economia, contabilidade, marketing, direito comercial, direito imobiliário, advertising, finanças, seguros, transportes, etc.
A pessoa que participa de uma reunião de negócios, em inglês, e desconhece um ou mais termos usados na discussão está sujeita a se sentir como um alienígena. Isso pode até acontecer com um cidadão comum americano ou inglês. Para dar um exemplo bem simples, quando o mercado de ações está em queda o cidadão comum pode usar o termo declining market (mercado em queda) ou mercado vendedor, enquanto o corretor ou analista de mercado usa o jargão bear market (literalmente, mercado de urso). Por outro lado, se o mercado está indo bem, em inglês normal podemos dizer rising market (mercado em alta) ou mercado comprador, enquanto o profissional vai insistir em chamá-lo de bull market (mercado de touro). Se numa reunião o assunto for keystone markups (remarcação de 100% da margem de lucro do preço no varejo) e você não souber o seu significado, você está perdendo seu tempo. O mesmo acontece quando os participantes discutem a avaliação e controle de estoque e ficam jogando, para lá e para cá, termos como FIFO (first in first out) e LIFO (last in first out). A situação não melhora quando mudam de assunto e começam a falar de cash-cows (literalmente, vacas de dinheiro, ou seja, produtos que geram ótimos retornos). E por aí vai.
Estátuas do Mercado em Queda e Mercado em Alta em Franquefurte.
O Business English oferece um terreno fértil para esse tipo de desencontro de ideias, para o desassossego de muito executivo, quer seja americano, inglês, brasileiro ou português. O gobbledygook é um bom exemplo. Este estilo de escrever destaca-se no mundo empresarial por suas caraterísticas de pretensioso, verborrágico, pedante. (Porém, o gobbledygook pode surgir em qualquer atividade e não apenas no mundo empresarial). O nome já é bastante descritivo: gobble refere-se ao som emitido por um peru aparentemente sem o menor motivo ou significado enquanto desfila com toda a pompa e circunstância; gook, também chamado goo, é qualquer substância oleosa, pegajosa. Essas duas características do gobbledygook se fazem presentes através do abuso de palavras longas, muitas vezes de significado abstrato, uso de jargão, eufemismos, chavões, etc. numa tentativa de dar ao documento um cunho oficial, legal, científico ou literário.
Essas não são as únicas mutações do Standard English – existem outras como veremos no próximo artigo. (Contato com o autor: John D. Godinho – [email protected])
O texto acima faz parte do livro Once Upon a Time um Inglês… A história, os truques e os tiques do idioma mais falado do planeta escrito por John D. Godinho. Adquira essa obra nos seguintes endereços: |
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