Línguas Inglesas – As Variações do “Queen’s English”
Muita gente se engana ao achar que existem apenas duas variedades de inglês, o britânico e o americano. Há até quem admita a existência de apenas um – o britânico. O príncipe Charles, da Inglaterra, parece ser uma delas. Certa vez, Charles foi taxativo ao declarar, perante o British Council: “Devemos agir agora para assegurar que a língua inglesa – e isso, no meu entender, significa unicamente o inglês britânico – mantenha sua posição como língua internacional”. Na mesma ocasião o herdeiro do trono lamentou a influência corruptora do inglês americano e seu jeito “… de inventar todos os tipos de novos vocábulos e verbos que simplesmente não deveriam existir”. A revista Time de 3 de abril de 1995, p. 81, anotou as declarações do príncipe, mas terminou a reportagem com uma observação irônica, quase debochada: “O.K., we’ll diarize that”. (Tudo bem, vamos diarizar isso, ou seja, vamos anotar isso no nosso caderninho.) Dois americanismos rápidos e certeiros – O.K. e o neologismo diarize, deixavam bem claro que a Time não gostou dos comentários reais.
Mas a realidade não respeita a realeza. Contrariando o futuro rei, ela insiste em nos mostrar que existe um número considerável de línguas inglesas. É claro que muitas delas não deixam de ser variações do Queen’s English, como é o caso do inglês do Canadá, da Austrália, África do Sul, Nova Zelândia, Índia, Cingapura, Hong Kong e dos Estados Unidos. Também não há como negar que o inglês padrão, quando escrito, é essencialmente indistinguível, quer seja escrito por britânicos, americanos, canadenses ou outros, exceto ocasionalmente quando ocorrem eventuais regionalismos ou pequenas diferenças na ortografia.
Já o inglês falado… “são outros quinhentos”. Para começar, na própria região de Londres há extremos que vão do inglês padrão, com a Received Pronunciation (RP), ao famoso cockney e muitos londrinos nativos conseguem distinguir entre o sotaque do norte e do sul do rio Tâmisa. Na peça Pygmalion, George Bernard Shaw aproveita para, mais uma vez, fazer suas críticas. Seu personagem, o professor Higgins, declara que pode acertar, pelo sotaque, o local de origem de qualquer londrino num raio de duas milhas.
Saindo de Londres, o estudante de inglês se depara com tal variedade de sotaques e regionalismos que, possivelmente, terá vontade de desistir de seu aprendizado. Não é fácil explicar um número tão grande de sotaques num país relativamente pequeno, onde as pessoas convivem há mais de um milênio e meio compartilhando o mesmo idioma e cultura, enquanto na América, com sua mistura de raças e culturas, convivendo há apenas 100 ou 200 anos num território vastíssimo, o povo fala com tão poucas variações. Apontando para esse paradoxo, Simeon Potter comenta: “Não seria exagero dizer que podemos distinguir mais diferenças de pronúncia no norte da Inglaterra entre Trent e Tweed (uma distância de cerca de 160 km.) do que em toda a América do Norte”. (Our Language, London, 1976, p. 168). Nos próximos artigos veremos como funcionam esses “outros ingleses”. (Contato com o autor: John D. Godinho – [email protected])
O texto acima faz parte do livro Once Upon a Time um Inglês… A história, os truques e os tiques do idioma mais falado do planeta escrito por John D. Godinho. Adquira essa obra nos seguintes endereços: |
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